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Chego a casa. Sobre a mesa uma carta aberta
Falava de amor. De carinho, da forma de ser
De segredos por aclarar, de uma voz incerta
Dos teus confessos desejos de sentir mulher
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Tinhas partido. Carta na mão. Ouvi o silêncio
Das paredes, outrora testemunhas, da ternura
Que nos pediam que imperasse o bom senso
Nos nossos desencontros, de menos frescura
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Escreveste magoada:- Não sei porque choro
Não sei se é loucura. Se é apenas um desejo
Não sei para onde vou. Até o destino ignoro
Levo comigo o sabor da mentira do teu beijo
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Cansei de ser tua amante em amor de verdade
Sabia que tinhas mulher e que não eras só meu
Mas as promessas juradas de eterna fidelidade
Fizeram-me acreditar que o teu amor era só eu
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Assim nesta carta me despeço do sonho vivido
Talvez possas deixar cair uma gota de emoção
Amei-te loucamente num sentimento proibido
Levo comigo lágrimas de saudade no coração
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Fechei a carta, olhei o vazio, vivi o momento
Percebi a partida, e a tristeza daquela mulher
Ser casado, ter esposa, e outra no pensamento
É enganar-se a si mesmo. Nem é viver sequer
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Poesia e apenas poesia. Existe quem defenda que a poesia são estados de alma. Até pode ser. Mas uma coisa é a escrita, outra coisa, é o ser humano, poeta ou poetisa, que está atrás desse estado de alma. E o poeta/poetisa, são uns fingidores, não é mesmo?
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" R y k @ r d o "
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