Coração, meu irmão, que tanto já sofreste
Um dia quase paraste, deixando de bater
Voltaste à vida e a dor por amor venceste
Preferindo continuar nesta vida a sofrer
.
Ficar quedo numa cama isolada, sem calor
Onde o teu pulsar ficou tonto ao abandono
Leito vazio que superaste pela fé do amor
Acabando por acordar dum profundo sono
.
Solitário, carente, sentindo a dor destemida
Que te atacou como um estranho sem amor
Quase que abandonaste o destino e a vida
Provando o infortúnio, dum amargo sabor
.
Cansado, perdeste a força na pesarosa ilusão
Entregando-te nas viagens do nobre sentido
Infinitos desalinhos da fortuita desilusão
És um coração cansado, mas não vencido